falta de espaço e algo mais







sofro de insónias .rendo-me .como plágio
de um assorear de rio .de um lavar de loiça
ou mãos face à confusão da minha dor de
cabeça .não me assoo .deixo a água escorrer
pela minha face e não sei se são lágrimas
se gotas
a áspera quietude que desliza ao encontro
do nojo que a minha boca assiste .doem-me
os dedos .as mãos negam-se a legitimar .razão porque
ensandecida
me acerto neste cortejar em transe .sento-me no
sofá dos segundos e assisto com flores azuis
implantadas nos cabelos à derradeira sinfonia de
Antonín Dvo
řák
.falta-me
espaço
perdido o rumo entre a serventia de um beijo e
o meu corpo pendurado no bengaleiro das
ausências






william blake richmond